Durante o leilão, o CEO da 4UM, Leonardo Boguszewski, afirmou que a empresa está comprometida em realizar as melhorias necessárias.
27 de fevereiro de 2025 às 19:45Compartilhe esta notícia:
O Consórcio 4UM Opportunity BR venceu, sem concorrência, o leilão da Rota Agro Norte, trecho da BR-364 em Rondônia, realizado nesta quinta-feira (27) na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). O grupo assumirá a concessão da rodovia após oferecer um desconto de apenas 0,05% na tarifa do pedágio, suficiente para garantir a vitória, já que foi o único participante válido na disputa.
A Rota Agro Norte abrange 686,7 km de rodovia federal, passando por 10 municípios rondonienses: Porto Velho, Candeias do Jamari, Itapuã do Oeste, Ariquemes, Jaru, Ouro Preto do Oeste, Presidente Médici, Cacoal, Pimenta Bueno, Chupinguaia e Vilhena. Essa é a primeira concessão rodoviária federal no Norte do Brasil.
O grupo responsável pela concessão é formado pela empresa 4UM Investimentos (antiga J. Malucelli) e pelo banco Opportunity. Entre as melhorias previstas para a BR-364 estão a duplicação de 135 km, a implantação de terceira faixa em aproximadamente 200 km, além da construção de passarelas e outras intervenções para segurança viária.
Durante o leilão, o CEO da 4UM, Leonardo Boguszewski, afirmou que a empresa está comprometida em realizar as melhorias necessárias.
"Subo nesse palco com alguns sentimentos: o primeiro de alegria de poder estar aqui novamente contribuindo com o desenvolvimento do nosso país por meio de um investimento tão importante numa região tão importante para o país. Todo o escoamento de grãos que acontece por meio da região Norte do país, a relevância do estado de Rondônia para o nosso Brasil e quanto a rodovia BR-364 pode, uma vez melhorada, contribuir ainda mais para isso", declarou Boguszewski.
O ministro dos Transportes, Renan Filho, também reforçou a importância da concessão para o desenvolvimento do agronegócio e infraestrutura rodoviária no Brasil. Segundo ele, o país está ampliando os investimentos tanto com recursos públicos quanto por meio de parcerias com a iniciativa privada.
A concessão da BR-364 tem sido alvo de críticas, principalmente de comunidades indígenas que vivem na área de influência da rodovia. O trecho concedido passa por regiões próximas a pelo menos 10 terras indígenas e unidades de conservação, incluindo a Sete de Setembro, Roosevelt e a Floresta Nacional do Jamari.
A Coordenação das Organizações Indígenas do Povo Cinta Larga e outras entidades acionaram a Justiça Federal, alegando que não houve estudos ambientais prévios nem a consulta obrigatória às comunidades potencialmente afetadas, conforme prevê a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
"Nós não fomos consultados, como diz a lei OIT-169. Não é que somos contra, é porque a gente não foi incluído no projeto. Isso vai ter impacto social e ambiental e nós queremos reivindicar esse direito. É um retrocesso contra os povos indígenas", declarou Gilmar, liderança indígena Cinta Larga.
Na quarta-feira (27), indígenas das etnias Suruí e Cinta Larga chegaram a bloquear temporariamente a BR-364, no km 224, em Cacoal, em uma manifestação pacífica contra a falta de diálogo.
Em resposta, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) afirmou que as comunidades indígenas serão consultadas na fase de licenciamento ambiental, antes da execução das obras previstas no contrato de concessão.
A pressão contra a concessão também se estendeu à bancada federal de Rondônia, que enviou um ofício ao Ministério dos Transportes solicitando a suspensão ou adiamento do processo. No entanto, até o momento, o governo federal não se manifestou sobre possíveis mudanças no cronograma da concessão.
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