Secretário da Sejucel assume responsabilidade, mas problema é histórico
13 de março de 2025 às 21:14Compartilhe esta notícia:
A Assembleia Legislativa de Rondônia realizou na última terça-feira (11) uma Comissão Geral para debater a situação do esporte no estado, contando com a presença do secretário interino da Secretaria de Juventude, Cultura, Esporte e Lazer (Sejucel), Paulo Ígor Ferreira de Almeida. A convocação partiu do deputado estadual Marcelo Cruz (PRTB), que tem cobrado melhorias na área esportiva.
O encontro contou com a participação de atletas e dirigentes esportivos de diversas modalidades, que relataram as dificuldades enfrentadas para manter-se no esporte e participar de competições nacionais. Um vídeo exibido durante a sessão mostrou a dura realidade dos atletas rondonienses, que frequentemente precisam deixar o estado em busca de melhores condições de treinamento e apoio.
O atleta de Jiu-Jitsu, Edson Luan, de 19 anos, revelou que, para conseguir competir, precisa trabalhar como garçom nos finais de semana. Outros atletas relataram que são obrigados a vender água e doces nos sinais de trânsito para arrecadar dinheiro e representar Rondônia em campeonatos nacionais.
"A maior dificuldade é que não temos apoio em Rondônia para o esporte. Cada vez mais, vemos atletas de jiu-jítsu, judô e de outras modalidades nos sinais de trânsito vendendo água, paçoca e doces. Cada apoio que nos dão é bem-vindo", lamentou Edson.
Outro ponto crítico debatido na comissão foi o abandono do futebol rondoniense, tema levantado pelo presidente do Porto Velho-Gazin Esporte Clube, Jedson Lobo. Ele apresentou uma série de slides comparando a estrutura do futebol local com a de outros estados, destacando o estado crítico do Estádio Aluízio Ferreira, que tem a menor capacidade entre todas as capitais do Brasil.
"O estádio não atende aos requisitos mínimos da CBF para sediar competições importantes. Hoje, para termos Copa do Brasil em Rondônia, seria necessário um estádio com pelo menos quatro mil lugares, mas o Aluízio Ferreira não chega nem a esse mínimo" – afirmou Lobo.
Diante dos relatos, o secretário da Sejucel, Paulo Higo Ferreira de Almeida, explicou que está à frente da pasta há apenas quatro meses e que sua equipe tem trabalhado para diagnosticar os principais problemas e propor políticas públicas mais eficientes. Ele anunciou que o estádio Aluízio Ferreira passará por uma reforma, com a ordem de serviço prevista para setembro. Além disso, garantiu investimentos na infraestrutura dos Centros de Esporte e Lazer (Cedels).
Entretanto, o problema não começou agora. O abandono do esporte em Rondônia não é apenas uma questão de gestão da Sejucel, mas sim uma consequência da falta de prioridade do governo estadual nos últimos dois mandatos. Em quase oito anos de gestão, a atual administração deixou de investir na valorização dos atletas, na modernização das estruturas esportivas e na criação de políticas eficazes para o setor.
O deputado Marcelo Cruz ressaltou a necessidade de um olhar diferenciado para o esporte rondoniense, frisando que a falta de incentivo e estrutura adequada tem forçado muitos talentos a deixarem o estado.
"A culpa não pode recair sobre um secretário que assumiu há poucos meses. Esse descaso vem de muito antes e precisa ser tratado com a seriedade que merece. O governo estadual teve dois mandatos para resolver essa questão, mas o esporte de Rondônia continua esquecido" – declarou o deputado.
Ao final da audiência, o secretário agradeceu a oportunidade e afirmou que as reivindicações dos atletas serão incluídas no Plano Plurianual (PPA) da Sejucel. No entanto, a grande questão segue sem resposta: por que o governo estadual ignorou o esporte por tantos anos?
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